Ranking dos últimos Papas: do pior ao melhor, por Pedro Menezes

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Pedro Menezes é jornalista

*Disclaimer: não sou católico e nesse texto, teologia é o que menos importa.

7- João Paulo II

Sei que essa colocação surpreende. Afinal, o saudoso João Paulo é o favorito das nossas vovós. Quem nunca conheceu uma senhora com um quadro de Karol Wojtyła pendurado na parede? Além disso, seu carisma era inegável. Suas visitas ao Brasil renderam vídeos ainda hoje reproduzidos em nossas emissoras — e ele virou até “padroeiro” do Fluminense.

Mas a verdade é que esse Papa era um safado. Após uma sequência de pontífices moderados, João Paulo II liderou uma guinada reacionária na Igreja. Grande parceiro de Thatcher e Reagan durante a Guerra Fria, Wojtyła envergonharia qualquer um que afirma que “a Igreja não é lugar de política”.

Anticomunista bitolado, visitou mais de uma vez a CIA (?) durante seu papado. Antes mesmo de se tornar Papa, Karol já era conhecido por ser um notório X9 de espiões norte-americanos — e isso não é teoria da conspiração, é fácil de confirmar com uma rápida pesquisa.

Foi o principal responsável por enterrar a Teologia da Libertação, uma das formas mais solidárias que teólogos cristãos já encontraram para professar sua fé, especialmente popular na América Latina. Puniu religiosos e acusou a Teologia da Libertação de estar ligada a tudo de ruim que se possa imaginar.

“Mas, Pedro… todo Papa é conservador! O que você espera de um Papa?” Mais adiante explico exatamente o que espero.

6- João Paulo I

Seu papado durou míseros 33 dias. Pequeno o bastante para se tornar uma mera anedota histórica. Grande o suficiente para estar à frente de João Paulo II.

5- Pio XII

Foi o Papa durante a Segunda Guerra Mundial. Manteve-se neutro durante o conflito. Há quem o critique por saber do Holocausto e nunca ter denunciado. Outros afirmam que Pio XII escolheu o silêncio estratégico para ajudar os perseguidos pelo regime nazista — vale lembrar que o Vaticano está situado em Roma, na Itália de Mussolini.

Foi mais um daqueles papas que condenavam o “esquerdismo”, entre outras bobagens. Nunca conseguiu modernizar a Igreja, que, durante seu papado, ainda rezava missas em latim no mundo inteiro, entre outras práticas dignas do século XV.

4- Bento XVI


O Papa Bento era inimigo do carisma, isso é inegável. Os católicos são quase unânimes ao afirmar que ele foi um dos maiores teólogos de sua geração. Confesso que disso eu não tenho ideia.

Muitos esquerdistas o rejeitam por ele supostamente ter feito parte da Juventude Hitlerista. Mas isso não é exatamente verdade. O mais provável é que tenha sido obrigado a cumprir o alistamento obrigatório aos 14 anos. Realizou uma série de trabalhos forçados até ser capturado após a rendição alemã.

Fato é que, em sua juventude eclesiástica, Bento XVI foi bastante progressista, mas se tornou cada vez mais conservador ao longo do tempo, até chegar ao papado. E foi essa a imagem que ficou para o grande público: um Papa cercado de luxo, com um papado sem grandes destaques.

3- Paulo VI

O que eu espero de um Papa, então? Espero algo como Paulo VI. Conservador, como praticamente todos, mas longe de ser um dos diversos canalhas que já lideraram a Igreja de Roma.

Assim como Bento, Paulo VI era inimigo do carisma. Pior: sua feição triste lembrava o Mr. Bean, o que causa uma estranha sensação ao se olhar fixamente para ele.

Paulo VI teve a difícil missão de liderar a Igreja após o papado do reformista João XXIII, além de conter os grupos conservadores.

Foi Papa durante a legalização do divórcio na Itália (e no Brasil também). Era contra o divórcio, mas sua oposição era morna, o que lhe rendeu críticas de muitos setores conservadores. Era um Papa aberto ao diálogo. Se fosse comparado a um político brasileiro, seria o Renan Calheiros. Durante a Guerra Fria, manteve-se neutro. Um verdadeiro moderado.

2- Francisco

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O papado de Francisco foi marcante. Jesuíta, recusava vestes luxuosas e mantinha diálogo com chefes de Estado dos mais diversos perfis — a ponto de receber até aquela bizarra cruz de foice e martelo de Evo Morales.

Primeiro Papa nascido nas Américas e torcedor do San Lorenzo. Disse a frase: “Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”

Apoiou o diálogo inter-religioso, sempre defendeu os pobres e desfavorecidos. Visitou Cuba, os Estados Unidos e se reuniu com líderes de várias religiões. Definitivamente, um Papa muito acima da média.

1- João XXIII

O Papa que trouxe a Igreja para o século XX. Antes dos anos 60, a missa era rezada apenas em latim. Sim, nenhuma palavra em português era dita na igreja da sua Tia Cocota antes de João XXIII. Seu papado foi curto — apenas 4 anos — mas sacudiu a Igreja como poucos.

Modernizou a relação da Igreja com outras religiões, sendo um dos pais do ecumenismo — fama que acabou ficando com o safado do João Paulo II.

Defendia a paz durante o auge da Guerra Fria e a cooperação internacional entre países de ideologias diferentes. Assim como Francisco, era defensor da justiça social, dos direitos humanos e do desarmamento nuclear.

Foi um dos responsáveis por mediar a tensão entre norte-americanos e soviéticos na famosa “Crise dos Mísseis de Cuba”. Aproximou a Igreja dos países do Leste Europeu, praticamente abandonados pela instituição após a Revolução Russa. Por ter sido tão essencial num momento tão difícil da história, leva o primeiro lugar no nosso ranking.


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