Hoje é celebrada a Avenida Boulevard 28 de setembro, em Vila Isabel. O lugar se confunde com a história do bairro e do próprio Rio de Janeiro. Se ela foi uma avenida projetada, hoje mesmo com seus problemas, reúne inúmeros lugares totalmente diferentes mas que compõem de forma bela e democrática a história do bairro. Tem bar, tem academia, restaurante, tem igreja católica, tem igreja universal, tem igreja metodista, tem mercado, pizzaria, sem falar do Petisco da Vila, entre outros bares que fazem do bairro, um point da boemia carioca.
Mas para contar a história da 28, é preciso contextualizar com a história do próprio bairro de Vila Isabel
Vila Isabel surgiu após uma iniciativa do empresário João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond. Em 1871, ele adquiriu as terras da Imperial Quinta do Macaco, de propriedade da Imperatriz Dona Amélia, esposa de Dom Pedro I.
“A terra onde o atual bairro de Vila Isabel localiza-se, pertencia à Companhia de Jesus desde 1565, ano da fundação da cidade do Rio de janeiro. Eles estabeleceram lá uma plantação de cana-de-açúcar, a Fazenda de Macaco, e a arrendaram a imigrantes portugueses. Depois da proibição da ordem em 1759, a Coroa Portuguesa confiscou os bens dos jesuítas e entre outras coisas a Fazenda de Macaco, que ficou abandonada até a proclamação de Independência do Brasil, em 1822, passando a pertencer ao Império Brasileiro”, informa a página Vila Isabel.
A Fazenda do Macaco hoje é o Morro dos Macacos
Barão de Drummond era, segundo consta, abolicionista, então, no bairro que ele projetou, as ruas ganharam nomes de pessoas ligadas à luta pelo fim da escravidão no Brasil. O nome do bairro é uma homenagem à Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea e o nome Boulevard 28 de setembro, é uma homenagem à data em que a Lei do Ventre Livre foi sancionada
O bairro foi oficialmente fundado em três de Janeiro de 1872 tendo sido o primeiro bairro projetado da cidade do Rio. A inspiração foi a cidade de Paris, na França. O arquiteto contratado para o projeto geral foi Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, discípulo de Grandjean de Montign.
Para muitos pesquisadores, historiadores e estudiosos do assunto, Vila Isabel é considerado o primeiro bairro projetado da cidade do Rio de Janeiro.
Em 1875, o bairro ganhou bondes movidos por animais. Esses veículos ligavam a Vila ao centro da cidade. A responsável pelo sistema era a Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel, empreendimento criado pelo barão de Drummond.
BOULEVARD 28 DE SETEMBRO
A avenida foi aberta em 1872 no lugar da antiga Rua dos Macacos, estendendo-se da Rua São Francisco Xavier à Praça 7 de Março (atual Praça Barão de Drummond, mas tradicionalmente chamada de Praça sete).
No início do século XX, as suas árvores estavam sempre floridas no canteiro central e era ladeado por chácaras com cercas-vivas. No ano de 1909, recebeu iluminação e bondes elétricos.
Considerada o berço do samba, em 1929 o Bando dos Tangarás, integrado por Noel Rosa, Almirante, Braguinha, Henrique Brito e Alvinho, a partir da música Na Pavuna, atraiu a atenção popular para o bairro. Foram, ainda, os primeiros a introduzir o ritmo de batucada e a percussão nas gravações de discos.
Vila Isabel é berço de poetas e compositores importantes. Teve sempre uma produção musical característica, diferente daquela feita pelos grupos da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, que tinham influência estrangeira. Ao mesmo tempo, a música do bairro também era diferente da do subúrbio carioca. A música era tocada e admirada nos bares Vila Isabel e Ponto Cem Réis. Ao contrário de outros bairros que perderam a boemia com as mudanças urbanas, com a profissionalização dos músicos e com a chegada da indústria do disco, a Vila continua sendo ponto de encontro de músicos e poetas.
Em 1994, recebeu o Projeto Boemia, destinado a resgatar o passado boêmio do bairro. Bares com música ao vivo passaram a colocar mesas na calçada, atraindo jovens, famílias e visitantes vindos de longe, para ouvir música brasileira.
Até hoje é ponto de comércio forte no bairro, assim como diversos bares que buscam manter a tradição boêmia
UNIDOS DE VILA ISABEL
A quadra da Unidos de Vila Isabel fica na 28 de setembro. Se antes ela ensaiava na Escola Equador, ganhou a sua quadra onde antes funcionava uma garagem de bondes na década de 1960, a garagem da extinta Companhia de Transportes Coletivos e, posteriormente, um galpão do DETRAN. Até hoje os ensaios de rua são na 28 e as comemorações de título como 2006 e 2013 foram lá.
AS CALÇADAS MUSICAIS
Em 1965, nas comemorações do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, o arquiteto Orlando Magdalena teve a ideia de decorar as calçadas da 28 de Setembro com pedras portuguesas desenhando partituras de músicas de grandes compositores da Música Popular Brasileira. A ideia foi levada ao músico Almirante, que escolheu as músicas que deveriam compor as calçadas.
Foram, assim, construídas, desde a Praça Maracanã até a Praça Sete, as famosas calçadas musicais, com as partituras das seguintes músicas:
Cidade Maravilhosa – André Filho (esta primeira ainda na Praça Maracanã)
O Abre Alas – Chiquinha Gonzaga
Pelo Telefone – Donga/Mauro de Almeida
Mal-me-quer – Cristóvão de Alencar/Armando Reis/Newton Teixeira
Feitiço da Vila – Noel Rosa/Vadico – em frente à Associação Atlética Vila Isabel
Ave Maria – Ertildes Campos/Jonas Neves
Aquarela do Brasil – Ary Barroso
Jura – Sinhô
Carinhoso – Pixinguinha/João de Barro
Linda Flor – Henrique Vogeler/Luís Peixoto
A Conquista do Ar – Eduardo das Neves
Luar do Sertão – Catulo da Paixão Cearense/João Pernambuco
Chão de Estrelas – Orestes Barbosa/Sílvio Caldas
Linda Morena – Lamartine Babo
A Voz do Violão – Francisco Alves/Horácio Campos
Na Pavuna – Homero Dornellas/Almirante
Primavera do Rio, de João de Barro – Ernesto Nazareth
Apanhei-te Cavaquinho – Ernesto Nazareth
Florisbela – Nássara/Frazão
Renascer das cinzas – Martinho da Vila (esta última já na Praça Barão de Drummond).
SAUDOSO PLANETA DO CHOPP
PETISCO DA VILA
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA VILA ISABEL, O FAMOSO “VILINHA”
A 28 de setembro é mais que um lugar especial, mas um local em que quem passa, transita logo se identifica, logo sabe onde está e sabe que ali se respira história e paixão por um bairro e uma avenida que pulsa e que tem vida.
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