* Paulo Baía
Resumo:
As eleições municipais de 2024 em São Paulo e no Rio de Janeiro apresentaram dois modelos distintos de práticas políticas no Brasil. Em São Paulo, uma forte polarização ideológica e o uso intensivo da máquina pública dominaram o cenário, enquanto no Rio de Janeiro, sob a liderança de Eduardo Paes, um modelo de governança democrática e inclusiva consolidou-se, destacando-se pela articulação de alianças políticas amplas e diversificadas. Este artigo explora como a experiência carioca se configura como um paradigma para a democracia brasileira, ressaltando as implicações desse modelo para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito. Além disso, discute-se o papel emergente de Paes como liderança nacional. Ele não é necessariamente candidato à presidência, mas representa uma voz influente na política brasileira, que transcende a esfera local.
- Introdução
As eleições municipais de 2024 trouxeram à tona a complexidade do cenário político brasileiro, revelando um contraste notável entre a polarização intensa de São Paulo e a governança inclusiva e democrática do Rio de Janeiro. No Rio, a liderança de Eduardo Paes apresentou uma nova forma de fazer política, capaz de promover a inclusão e a articulação em um contexto de extrema diversidade social e política. Em São Paulo, as tensões ideológicas e o uso ostensivo da máquina pública reforçaram a fragmentação e polarização. Este artigo se propõe a analisar como o Rio de Janeiro se torna um paradigma de governança democrática e como Paes, ao se consolidar como liderança nacional, aponta caminhos para uma política mais inclusiva e plural.
- O Paradigma Carioca: Estrutura e Estratégia na Campanha de Eduardo Paes
A liderança de Eduardo Paes se destacou pela habilidade de construir alianças amplas e diversificadas, com um alcance que se estendeu para além da cidade do Rio de Janeiro, envolvendo todos os 91 municípios do estado. Sua estratégia se caracterizou pelo uso de dados e pesquisas, permitindo uma compreensão profunda das necessidades e expectativas dos diferentes segmentos da sociedade. Essa abordagem foi fundamental para a construção de uma rede de apoio que ultrapassou divisões ideológicas e promoveu uma visão de política integradora.
Além disso, Paes soube valorizar a diversidade e a complexidade da população carioca. Ao incluir setores antes marginalizados, como as comunidades evangélicas, ele demonstrou um compromisso com a inclusão, reforçando o princípio de que a democracia deve representar todas as vozes da sociedade. Essa abordagem permitiu que sua campanha se destacasse em um cenário político polarizado, estabelecendo um modelo de governança democrática e participativa.
- São Paulo: Polarização e Radicalismo na Disputa Municipal
Enquanto o Rio de Janeiro experimentou uma abordagem de governança inclusiva, São Paulo viveu uma campanha marcada pela polarização e pelo uso intensivo da máquina pública. A divisão ideológica foi exacerbada pela presença de figuras nacionais que trouxeram para o cenário local disputas de ordem federal, transformando a eleição municipal em um palco para confrontos que iam além das questões municipais.
Essa estratégia de confronto e radicalização evidenciou as limitações de uma campanha baseada na polarização. Ao priorizar a ideologia em detrimento das questões locais, a campanha paulistana afastou-se das necessidades imediatas da população, aprofundando as divisões e minando a coesão social. Em contraste, o modelo carioca, que se fundamenta na articulação e na inclusão, destacou-se como uma alternativa viável para enfrentar os desafios da governança democrática no Brasil.
- Eduardo Paes: Uma Liderança Nacional Emergente
Além de seu papel como prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes emerge como uma liderança nacional. Ele não é necessariamente candidato à presidência em 2026, mas assume uma posição de destaque no cenário político brasileiro, capaz de influenciar as diretrizes nacionais. Paes se posiciona como um ator político que, por meio de sua experiência e habilidade de articulação, pode contribuir significativamente para o debate público e para a construção de uma política mais democrática e inclusiva.
Sua trajetória política demonstra uma habilidade única de construir pontes e promover o diálogo entre diferentes setores da sociedade. Esse perfil de liderança, que valoriza a inclusão e a gestão pública eficiente, permite que Paes se posicione como uma referência para outros líderes políticos. Sua influência vai além das fronteiras do Rio de Janeiro, consolidando-o como uma voz relevante para o futuro da democracia brasileira.
- A Construção de um Modelo Democrático no Rio de Janeiro
O modelo de governança adotado por Paes no Rio de Janeiro é um exemplo de como a democracia pode ser fortalecida por meio da inclusão e da participação ativa dos cidadãos. Sua campanha valorizou a representatividade e o diálogo com diferentes grupos sociais, respeitando as particularidades de cada comunidade e promovendo uma política que reflete os interesses da população como um todo.
Ao construir um modelo de governança baseado na escuta e na adaptação às demandas locais, Paes demonstrou que é possível fazer política de maneira democrática e inclusiva, em um contexto onde a polarização é cada vez mais presente. Esse enfoque não apenas fortalece o Estado Democrático de Direito, mas também se configura como uma alternativa viável à radicalização e ao confronto que marcaram a campanha paulistana.
- Implicações para o Estado Democrático de Direito
O contraste entre as eleições no Rio de Janeiro e em São Paulo reflete diferentes abordagens para a política brasileira, com implicações significativas para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito. Enquanto a campanha carioca se destacou pela inclusão e pela articulação ampla, o modelo paulistano reforçou os perigos da polarização para a democracia.
Ao promover uma política que valoriza a inclusão e a articulação ampla, Paes demonstra que é possível construir uma alternativa viável à radicalização. Sua abordagem reforça a importância de uma política que respeita os princípios democráticos, ao promover o diálogo e a conciliação em um contexto de crescente fragmentação política.
- Considerações Finais
A eleição municipal de 2024 oferece um estudo de caso que ilustra duas abordagens opostas para a política brasileira. O modelo de governança democrática adotado por Paes no Rio de Janeiro destaca-se como um paradigma de inclusão e pluralidade, em contraste com o radicalismo observado em São Paulo. Além disso, Paes emerge como uma liderança nacional, capaz de influenciar o cenário político além das fronteiras do estado, sem necessariamente aspirar à presidência, mas com a intenção de contribuir para um debate político mais inclusivo e plural.
A trajetória de Paes evidencia que é possível construir um modelo de governança que respeita os princípios do Estado Democrático de Direito, em um contexto de crescente polarização. Seu modelo pode servir como uma referência para futuras eleições no Brasil, fortalecendo a democracia e promovendo a participação cidadã, com implicações que vão além das fronteiras municipais.
Paulo Baía
é Sociólogo, cientista político e professor da UF
RJ.
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