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21/11/2024 07:11
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Câncer raro no pênis pode levar à amputação e à morte

 Nos últimos cinco anos, mais de dez mil brasileiros foram atingidos pela doença

Grande parte da população brasileira não tem conhecimento de um tipo de tumor que representa 0,4% de todos os tipos de câncer que atingem o homem. Se você pensou que a reportagem é sobre próstata, errou.

Somente no ano de 2022 causou 488 óbitos, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer. O vilão da história é o câncer de pênis. Achou estranho? Acompanhe. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, reportagem da Agência Brasil, publicada em 2021, mostra que pelo menos 10.265 brasileiros foram atingidos pela doença nos últimos cinco anos.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a incidência da doença está relacionada ao desenvolvimento socioeconômico e ao nível educacional. Para a instituição, enquanto se trata de doença rara em países ricos e desenvolvidos, existe a ocorrência de casos novos aumentada em países pobres. No Brasil, por exemplo, com suas desigualdades, a incidência é maior em regiões como Norte e Nordeste e atinge taxas quase semelhantes aos países desenvolvidos na região Sul.

O Inca informa que o câncer de pênis é um tumor raro, cujo tratamento impacta na qualidade de vida do paciente de várias maneiras, porque interfere diretamente na vida sexual e função miccional, o que resultará em grande estresse psicológico, emocional e social. Entretanto, a boa notícia é que a doença pode ser prevenida colocando em uso práticas de higiene simples como fazer a limpeza adequada do pênis, uso de preservativos e a vacinação contra o HPV.

Dados do Ministério da Saúde apresenta números sobre internações por conta da doença. A matéria da Agência Brasil mostra que em 2016, houve 1.961 registros da doença; em 2017, o número subiu para 2.017. Já em 2018, ocorreram 2.142; no ano de 2019, 2.194 internações; e, em 2020, 1951. A reportagem conta ainda que entre 2014 e 2018 as altas taxas de mortalidade por câncer de pênis ocorreram nos estados Maranhão, Piauí e Sergipe e também no Pará e no Tocantins.

As principais causas do surgimento do tumor são condições inflamatórias crônicas e persistentes no pênis, essencialmente, pela má higiene íntima. Também temos a associação com o HPV, o tabagismo, ou condições que impeçam a limpeza adequada, como a fimose. A doença tem maior incidência nos homens a partir dos 50 anos, entretanto, a incidência maior acontece na sexta década da vida, mas também pode ocorrer em homens mais jovens.

Urologista Rogério Barbosa

O urologista Rogério Barboza reforça que a boa higiene genital desde criança é muito importante para que se evite um tumor de pênis. “O mais importante é que os homens ou meninos que possuem o prepúcio – pele que cobre a cabeça (glande) do pênis -, durante o banho exponham a glande e a lave bem com sabonete. Não há mistério. O problema é que muitos homens e meninos com prepúcio lavam o pênis sem expor a glande e se o homem tem dificuldade de expor a glande é sinal que ele tem fimose, que dificulta mais ainda a higiene do pênis”, alerta Rogério Barboza.

De acordo com o Inca, o homem deve ficar atento a qualquer ferimento no pênis que não cicatrize. Neste caso, é fundamental ser avaliado por profissional de saúde e, de preferência, urologista. Prestar atenção a alterações na cor, espessamento da pele, nódulos ou úlceras que não cicatrizam, feridas associadas a odor fétido ou secreções. Todo e qualquer ferimento no pênis que não desapareça em uma a duas semanas precisa ser avaliado. A instituição comenta que infelizmente, por vergonha ou falta de acesso aos serviços de saúde, é muito comum o homem recorrer a tratamentos indicados por conhecidos ou aquelas “pomadinhas” do balconista da farmácia. Esses procedimentos podem atrasar o diagnóstico precoce e um melhor resultado no tratamento.

O urologista Rogério Barboza destaca que a demora em procurar o médico pode atrapalhar o tratamento e levar à amputação do pênis. “Devido a vergonha, muitos homens tratam a lesão inicial em casa de maneira incorreta, achando que vão melhorar, deixando chegar a estágios muito avançados. Além da amputação eles podem ter metástases que causam muito sofrimento”, alerta Rogério Barboza.

O tratamento da doença depende do estadiamento – processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa – feito no momento do diagnóstico médico. Quanto mais precoce, maior a chance de preservar o pênis. A maioria dos pacientes chega ao serviço de saúde já em estágios mais avançados da doença, onde a amputação parcial ou total e a remoção de gânglios na região da virilha são necessárias para o seu controle.

A terapêutica das lesões iniciais abrange medicações para aplicação sobre as feridas, ablação com laser – processo de remoção de material a partir de uma superfície sólida (ou, ocasionalmente, um líquido) por irradiação com um feixe de laser -, cirurgia para retirada apenas da lesão com margens negativas e radioterapia. Contudo, segundo o Inca, as lesões invasivas exigem medidas mais agressivas, como a retirada da glande, retirada de parte do pênis ou amputação total. O comprometimento dos linfonodos inguinais implicará em cirurgia para ressecá-los. A quimioterapia também poderá ser utilizada nos casos mais avançados.

A cirurgia é o tratamento mais eficaz e frequentemente realizado para controle local da doença. É importante enfatizar que o objetivo do tratamento é a remoção completa da lesão primária com a maior preservação possível do órgão, sem comprometer o controle do câncer.  O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o crescimento desse tipo de câncer e a posterior amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais, sociais e psicológicas graves ao homem. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura e menos traumático será o tratamento.

O tabagismo é outro fator que pode levar ao desenvolvimento da doença. “Foi identificado que produtos do tabaco podem agir potencializando outros fatores que levam ao câncer de pênis”, explica o urologista. É importante parar de fumar, manter o hábito da higiene íntima, utilizar sempre o preservativo em qualquer tipo de contato sexual para prevenir o HPV e as outras infecções sexualmente transmissíveis. É importante também procurar o urologista precocemente no caso de alguma ferida que não desapareça no pênis.


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