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Morre o cartunista Ziraldo, aos 91 anos

Morreu o cartunista Ziraldo, aos 91 anos.

Ziraldo Alves Pinto passou toda a infância em Caratinga. É irmão do também desenhista, cartunista, jornalista e escritor Zélio Alves Pinto e também de Ziralzi Alves Pinto.[2] Estudou dois anos no Rio de Janeiro e voltou a Caratinga, tendo concluído o módulo científico (atual ensino médio). Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1957.[1] Seu talento no desenho já se manifestava desde essa época, tendo publicado um desenho no jornal Folha de Minas com apenas 6 anos de idade. Ziraldo começou a falar com 3 a 4 anos.

Começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), em 1954, com uma coluna dedicada ao humor. Ganhou notoriedade nacional ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e, posteriormente, no Jornal do Brasil, em 1963.[4] Seus personagens (entre eles Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho) conquistaram os leitores.[5]

Em 1960 lançou a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil.[1] Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início do regime militar no Brasil.[6] Nos anos 1970, a Editora Abril relançou a revista, desta vez, porém, sem o sucesso inicial.[6] A revista da Turma do Pererê teve outras passagens pelas bancas numa edição encadernada pela Editora Primor no ano de 1986 e em formato de almanaque pela Editora Abril na década de 1990.[carece de fontes]

Em 1960 recebeu o “Nobel” Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, principal premiação da imprensa livre da América Latina.[7]

Foi fundador e posteriormente diretor do periódico O Pasquim, tabloide de oposição ao regime militar, uma das prováveis razões de sua prisão, ocorrida um dia após a promulgação do AI-5.[8]

Em 1980 lançou o livro “O Menino Maluquinho”,[1] seu maior sucesso editorial, o qual foi mais tarde adaptado na televisão e no cinema. Para televisão, foi adaptado em 2006 pela TV Brasil, chamada Um Menino muito Maluquinho, que durou uma temporada com vinte e seis episódios sob a direção de Anna Muylaert e Cao Hamburger.[9] No cinema, foi adaptado três vezes, a primeira em Menino Maluquinho – O Filme em 1995 e uma sequência em 1998 dirigida por Fernando Meirelles, Menino Maluquinho 2 – A Aventura.[10][11] A adaptação mais recente da série é Uma Professora Muito Maluquinha de 2010, estrelado por Paolla Oliveira.[12]

Incansável, Ziraldo ainda hoje colabora em diversas publicações, e está sempre envolvido em novas iniciativas. Uma das mais recentes foi a “Revista Bundas”, uma publicação de humor sobre o cotidiano que faz uma brincadeira com a revista “Caras”, esta, voltada para o dia a dia de festas e ostentação da elite brasileira. Ziraldo foi também o fundador da revista “A Palavra” em 1999.[13][14]

Ilustrações de Ziraldo já figuraram em publicações internacionais como as revistas “Private Eye” da Inglaterra, “Plexus” da França e “Mad”, dos Estados Unidos.[15][16]

Desde o ano de 2000 participa da “Oficina do Texto”, maior iniciativa de coautoria de livros do Mundo, criada por Samuel Ferrari Lago então diretor do Portal Educacional, onde já ilustrou histórias que ganharam textos de alunos de escolas do Brasil todo, totalizando aproximadamente 1 milhão de diferentes obras editadas em coautoria com igual número de crianças.[17][18]

No dia 3 de outubro de 2016 recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais em cerimônia presidida pelo reitor Jaime Arturo Ramírez no auditório da reitoria da universidade.[19]

Posições políticas
Ziraldo é uma figura pública ligada a esquerda. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) juntamente com amigos como o arquiteto Oscar Niemeyer.[20] Após o fim da Ditadura, em 1989, o grupo liderado por Roberto Freire no PCB transferiu a estrutura partidária para uma nova legenda, o Partido Popular Socialista (PPS), como uma forma de enfrentar o desgaste com a experiência socialista soviética e o a queda do muro de Berlim.[21][22]

Em 2005, o cartunista filiou-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), de quem desenhou o logo partidário.[23][24] No ano seguinte, apoiou no primeiro turno a candidata Heloísa Helena para a presidência república, e ao segundo turno fez apoio para reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).[25]

No ano de 2010, participou de atos em prol da eleição de Dilma Rousseff (PT) para o cargo de Presidente da República.[26][27] Em 2014, apoiou novamente a candidatura de Dilma para reeleição.[28] Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Ziraldo posicionou-se de maneira contrária ao processo participando de comícios e fazendo elogios a presidente.[29][30] Em 2018, também declarou voto ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.[31]


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