Sem manutenção, com grades quebradas, esgoto aparente e campo de futebol desativado, espaço essencial para lazer e saúde da população agoniza após anos de descaso
Por Cristina Cruz
O que antes era um refúgio verde para famílias, crianças e animais hoje é símbolo de abandono. Localizado entre os bairros de Vila Isabel e Engenho Novo, e na entrada do Morro dos Macacos, o Parque Recanto do Trovador, outrora um ponto de encontro para atividades físicas e momentos de lazer, vem sofrendo com a falta de manutenção e a ausência de políticas públicas de preservação.
“A situação está gritante. A água do lago parece esgoto, tem muito mosquito, as grades estão sendo roubadas e ninguém faz nada”, relata um funcionário público de 56 anos, morador da Vila há mais de cinco décadas. “Esse parque é essencial pra gente. Ver no que ele se transformou é muito triste, principalmente pra quem cresceu aqui.”
Segundo moradores, a fonte central, que antes era um atrativo para crianças e visitantes, está desativada. O campo de futebol, que já recebeu jogos da comunidade, hoje está coberto de pedras. A iluminação é precária — “mais de 49% das luminárias estão apagadas”, denunciam. “Tem sempre viatura parada na esquina, mas ninguém vê nada”, comenta o mesmo morador.
Ricardo Santos da Silva, tutor de cães e frequentador diário do espaço, critica a degradação: “A situação é péssima o ano inteiro. Trago meu cachorro aqui porque, mal ou bem, tem grama e água. Os cães precisam se exercitar. Se fosse revitalizado, viria mais gente.”
O esgoto a céu aberto e a infestação de mosquitos tornam o ambiente insalubre. “Corro aqui dia sim, dia não. É revoltante ver um espaço com tanto potencial ser tratado com esse descaso”, lamenta um enfermeiro de 34 anos, morador do Engenho Novo. “É questão de saúde pública. Deveria ser revitalizado e voltar a ter vida.”
Além da questão ambiental, há também a preocupação com a segurança e o lazer das crianças. “Tá difícil até trazer um filho pra passear. A infância e a adolescência que eu vivi aqui hoje só me trazem tristeza ao ver esse abandono”, diz o funcionário público. “Não existe mais manutenção. Raramente cortam a grama.”
Para Dário Gonçalves, adestrador de cães, o parque é um espaço vital para a comunidade. “O mínimo que a gente pede é um pouco de dignidade. Espaço pra praticar esporte, pras crianças se ocuparem. O parque existe, então deveria ser preservado.”
Abandono que já dura uma década
Os relatos se repetem entre moradores e frequentadores. Nos últimos dez anos, segundo eles, o Recanto do Trovador vive em constante deterioração. A falta de resposta do poder público alimenta a sensação de abandono. “É um lugar tão importante pra região. Só queríamos que ele voltasse a ser o que era: um espaço de vida, encontro e bem-estar.”
A principal reivindicação é clara: revitalização urgente. Reparo nas grades, iluminação, limpeza dos lagos, reativação da fonte, corte regular da grama e atenção ao campo de futebol são demandas mínimas para que o parque volte a cumprir sua função social.
A ONG IEVA, responsável pelo Parque disse em nota que a responsabilidade na verdade é da Fundação Parques e Jardins, essa que não respondeu a reportagem.
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